___________Literatura Mineira_____________

Lagoa dos Sonhos




Lagoa dos Sonhos
(Argentino Vidal)

Estive na terra dos sonhos
De certa lagoa encantada
Contada somente em contos
Mas que de real não tem nada

Estive em terra de mitos
De fazendas relicárias
Que de seus barões enricados
Restaram apenas ruinas

Nas ruinas que eu vi
Sobraram apenas lembranças
De um passado bem distante
Em fotos enfumaçadas

Não vi lagoa dourada
Mas vi o orgulho estampado
De uma gente acolhedora
Pelo seu doce encantado

A lagoa que vi eldorada
Não era de água formada
Mas sim pelo sabor açucarado
Do seu Rocambole Dourado
Da doce Lagoa Dourada.

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A Cidade que Nasci



A Cidade que nasci
(Argentino Vidal)

Minha cidade é das rosas
Do ventre da terra, colhidas
De história soberana
Altiva mantiqueirana serrana

Cidade com jeito de campo
Erguida em solo mineiro
Meu verdejante outeiro
De povo cosmopolita hospitaleiro

Seus caminhos dantes trilhados
Por aventureiros sonhos eldorados
Marcaram suas trilhas na história
Nas mineiras estradas reais.

Este é meu rincão amado
Minha terra nativa
Minha Barbacena querida
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Crepúsculo em BH - Praça do Papa

Crepúsculo de BH
(Argentino Vidal)

Parei a tarde para ver o por do sol
Ver no horizonte sobre-tons em tons vermelho
O azul marinho migrando ao tornassol
Penumbrando meu olhar maravilhado

Ao longe o contorno da cidade realçava
Contrastando os rochedos salientes
Reforçando divina força criadora
Num bucólico entardecer, Belo Horizonte.

Nesta hora o perfume manacá já exalava
Ecoava ao longe Ave Maria de Gûnot
Perfeita harmonia da matéria e alma
Sublime equilíbrio vespertino

Fiquei ali parado na magia do momento
Remontando em minha mente quadro a quadro
Pro meu painel de arte, meu crepúsculo.
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Meu Outeiro Mineiro



Meu Outeiro Mineiro
(Argentino Vidal)

Eu estava no topo do mundo
À sombra de grande jaqueira
O tempo passava preguiça
Juritis piavam ao longe
Canários ali e bem te vis acolá.
O vento soprava perfumes
Dos manacás tão floridos
Dos jambeiros de jambos vermelhos
Inebriando os sentidos.

Na encosta ao sopé de barranco
Corria a estrada amarela
Poeirenta que nem ela só
Lá um carro de boi melancólico
Chiava seu canto chorado
Puxado à manada de bois
Guiado pelo candeeiro matuto
Levava a colheita em palha
Lá pro moinho de pedra
Pra dourado fubá se tornar

Eu estava no meu outeiro
No topo de serra mineira
Perdia-se o meu olhar o infinito
Nos montes verdes azulados
Nos tortuosos vales ramados
Ali um riacho riscava cristalino
Com seus lambaris e piaus
Ao longe o barulho ecoado
Da cachoeira de águas brumas.
Rolavam em rochas vermelhas

De fundo minha caiçara morada
Seu telhado bem enegrecido
Com sua chaminé empinada
Soprando a fumaça do fogo
Do velho fogão à lenha
Eu via meu tempo passar
Mansinho como tem que ser
Afinal estava eu na roça
Aqui o tempo madorna.

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Minha Terra Mineira



Minha terra mineira
(Argentino Vidal)

Eu nasci na terra do ouro
Das esmeraldas e diamantes
Do minério vermelho do ferro
De tantas minas contidas
De tantas Minas Gerais

Eu nasci de gente guerreira
De ideais inconfidentes
Sonhadores libertários
Da conquista do ventre da terra
Do nosso solo mineiro

Eu nasci da cultura barroca
De cidades de muitas histórias
Com seus artesões e poemas
Do congado e folia de Reis
E das festas do Divino.

Eu nasci do fogão à lenha
Do tropeiro e da pururuca
Das fazendas de carros de bois
Do puro café e leite
Das goiabadas com queijo

Eu nasci nas terras de Minas
Das montanhas soberanas
Das cachoeiras cristalinas
De gente hospitaleira.
De gente cosmopolita
De sotaque bem roceiro
Com seus trens e muitos uais.

Bão demais da conta sô...
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Hino a São Lucas



Hino a São Lucas
(Ariméia Vidal e Luiz Vidal)

São Lucas, jóia dos antioquenos,
te pedimos, com ardente coração:
com a virgem Maria, Mãe de Deus
Intercedas por nós, devotos teus.

Em Cristo, de nosso corpo e alma és
o médico,tesouro seguro das graças
dos céus: de nosso Deus, sabedoria
recebeste, louvor, honra e glória
mereceste.

Santo e glorioso evangelista,
discipulo do Divino verbo:
ao escrever o Evangelho, dissipaste
as trevas e a terra iluninaste.

São Lucas, és bem-aventurado de Cristo
Olha pelos fiéis que te veneram:
a ti louvamos, perante o Salvador,
tua sagrada memória, com fervor.

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O Flamboyant e o Pequizeiro



O Flamboyant e o Pequizeiro (Fábula)
(Álvaro Sales)

Tarde de sol.Trazida pelo carcará, lá do centro da cidade, uma semente de flamboyant.Aterrissou,junto com as fezes do gavião,no solo ácido do Cerrado.Passado um tempo, o flamboyant, junto com um pé de pequi, germinou.__Nossa! Tanto lugar pra nascer, tive que cair logo aqui no Cerrado.Disse o flamboyant.__Oi!?Sou um pequizeiro.Que folhas lindas você tem.Retrucou.__Só me faltava essa: uma árvore feia, grossa, toda torta e que no fruto há espinhos.O tempo passa.As jovens árvores agora são adultas.Porém as críticas do flamboyant contra o pequizeiro se intensificaram.__Por que eu não germinei em um jardim no centro da cidade?Será castigo divino viver num lugar tão feio, seco, ácido e torto?__Castigo algum caro flamboyant!O cerrado não é um bioma feio, pelo contrário, é rico, forte e abençoado por Deus.Cai a chuva.Época de florada.O flamboyant esbanja beleza com suas flores vermelho-alaranjadas, feitas à mão.O pequizeiro agora não é mais atenção do lobo-guará, do tatu-canastra, e da onça pintada.Passa-se a época de chuva.Chega a seca.As gramas secam, as folhas caem e o sol queima.O plantador de cana chega ao cerrado.Destruição!Os animais fogem, as árvores são cortadas.Sorte: o pequizeiro e o flamboyant ainda vivem.__Viu!?Deixaram-me aqui porque sou linda e trago ares de cidade grande.Você ai só espera o motor cerra!__Quanto preconceito com o segundo maior bioma brasileiro.Sem os animais que me rodeavam prefiro mesmo morrer.A alma do cerrado não é um mero pequizeiro e sim tudo que o contém.Época de colheita.Fogo no canavial!As chamas chegam nas árvores.O flamboyant que antes esbanjava por sua beleza e caule fino agora sofre de febre de 100°c.Tudo queima.Vem a chuva novamente.Por baixo das cinzas um pequizeiro brota por ter caule grosso e não ter-se queimado internamente.Por trás dele uma nova semente de flamboyant, protegida por suas raízes, germina no solo, agora calcarizado.Por mais que sejam feios alguns bons corações,há grandes motivos de estarem vivos.

(Publicado com autorização do autor)

Blog Álvaro Sales
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Cidade Mineira



Cidade Mineira
(Lourdes N. Cúrcio)

Erguida entre as montanhas
Exuberantes de Minas
Circundada de colinas
Ornada de belas cachoeiras,
Pequenina, cativante...
Uma jóia encravada
No coração palpitante
Da Zona da Mata mineira.
Cidade com nome de santo:
São João Nepomuceno!
Reduto de paz e de encanto
De clima cálido e ameno
De paisagens naturais
Que transportam às fazendas
Dos nobres “Barões do Café”
Perpetuando na memória
O patrimônio e a história
Do estado de Minas Gerais.
Suas praças seus jardins...
As flores, o chafariz...
Seus morros, suas capelas...
O alto da Igreja Matriz.
Abriga em suas trilhas
As mais verdejantes matas
As bucólicas cascatas
De águas tão cristalinas
A tradição dos moinhos...
Dos alambiques e minas.
Já percorri muitas milhas
Qual pássaro itinerante,
Mas além das terras lindeiras
Não vi a paisagem marcante
Da minha cidade mineira.

(Publicado com autorização da autora)
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Canção da Minha Terra



Canção da Minha Terra
(Lourdes N. Cúrcio)

Minha terra é portadora de encantos
Encantos esses que eu não encontro cá
Até mesmo o passaredo que aqui canta
Jamais cantará como o de lá!

Minha terra tem beleza exuberante
Profusão de atrativos naturais
É a terra de Heleno de Freitas
Orgulho do estado de Minas Gerais!

Minha terra é a Cidade da Moda
Das colinas com igrejas e capelas
Sua gente é muito mais hospitaleira
Suas paisagens certamente são mais belas!

Minha terra tem o melhor carnaval
Uma festa que arrasta multidões
Com o tradicional Bloco do Barril
Que conduz ao delírio os foliões!

No mês de maio está novamente em festa
Comemorando alegre o seu aniversário
Com as bênçãos de seu santo padroeiro
Sob o repique dos sinos no campanário!

Minha terra, hei de cantar seus encantos
Enaltecê-la com emoção em verso e prosa
Minha querida São João Nepomuceno
Eternamente a minha Cidade Garbosa!

Por tudo isso, não permita Deus que eu morra
Sem que possa um dia voltar para lá
Sem que aviste aquela terra de encantos
Encantos esses que eu não encontro cá!

(Publicado com autorização da autora)
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Terra Natal



Terra Natal

(Lourdes N. Cúrcio)

Que saudade de suas serras
Dos pés descalços na terra
Da água tão cristalina
Das cachoeiras e fontes
Das veredas e dos montes
Do luar que me fascina!

Cidade repleta de graça
Com a garotada na praça
No clube há sempre dança
O trenzinho faz a festa
Que saudade hoje me resta
Dos meus tempos de criança.

Terra de solo fecundo
De amores mais profundos
Onde eu vivia feliz
Com as coisas daquele rincão
O apito do trem na estação
Os sinos da Igreja Matriz.

Saudades da juventude
Dos anseios, da inquietude...
Das melodias da outrora
De minha família, meu lar
E do imenso pesar
Que senti ao ir embora.

O tempo não vai mais voltar
Por isso faz bem relembrar
Os dias da felicidade
E da imensa euforia
Que pude viver um dia
Na minha querida cidade.

O verde aqui tão escasso
Lá ocupa todo o espaço
A preservar e envolver
A cidade interiorana
Acolhedora e humana
Que um dia me viu nascer.

O céu límpido e azulado
De nuvens brancas rendado
Num lindo e perfeito contraste
Não é como o céu cinzento
Que vejo a todo momento
Com fumaça em toda parte.

O ar é puro e cálido
O viver é mais seguro
Sem a sombra da impaciência
Que me deprime e apavora
Na vida que levo agora
Tão cercada de violência.

A mente na mais apaga
E a saudade ainda vaga
Mas de uma coisa hoje eu sei
Trago a nítida lembrança
Dos meus tempos de criança
Na terra que sempre amei.

Pudera eu lá viver
E à saudade não me ater
Reviver os bons momentos
Sentar-me no banco da praça
Ouvindo a banda que passa
Para meu deleite e contento.

Sentir o cheiro da mata
Rever as lindas cascatas
Pelos vales e campinas
Poder correr novamente
Apreciar o sol poente
E as belezas lá de Minas.

Ver coretos e capelas
Suas praças e vielas
Sentir o calor humano
Daquela gente hospitaleira
Da minha cidade mineira
Que um dia deixei por engano.

Quero apreciar o rochedo
Emaranhar-me no arvoredo
Dar vazão a minha ânsia
Cantar cantigas de roda
Que aqui já saíram de moda
Rever os amigos de infância.

Contemplarei o cenário
Ouvindo o som dos canários
Ficarei por conta disso
Apenas matando a saudade
Da vida na minha cidade
Sem dar trela aos compromissos.

Já me sinto em viagem
Descortinando a paisagem
Num fascínio sem igual,
Eis que surge altaneira
Minha cidade mineira
A minha terra natal!

(Publicado com autorização da autora)




Blog Lourdes N. Cúrcio






Um comentário:

Álvaro Sales disse...

Caro Argentino Vidal, a honra será minha que vc publique o meu texto em seu blog.Um escritor precisa de público e de publicação.Você já está me permitindo isso com sua boa vontade.Peço somente que meu nome ou meu link do melhordaweb apareça em baixo do texto, só para que eu seja um pouquinho reconhecido....Muito obrigado.Caso queira publique-o, se quiser ainda publique outros que vc tenha gosta.Abraço.Desde já, Álvaro Sales